Devo perder peso para operar?

A grande maioria das pacientes que procuram o consultório para realização de procedimentos cirúrgicos redutores, dentre eles, destacadamente a lipoaspiração, apresentam sobrepeso ou obesidade. Existem alguns pontos importantes antes de contra-indicarmos ou não um procedimento.

O primeiro ponto a ser determinado é se existe apenas sobrepeso ou obesidade. Sobrepeso é a faixa de IMC (índice de massa corporal = peso/altura2) entre 25 e 30 e a obesidade quando o valor do IMC é superior a 30. 

Os pacientes com obesidade, principalmente aqueles com co-morbidades associadas, apresentam dois problemas essenciais: risco cirúrgico aumentado e resultado final da cirurgia.

O risco em cirurgia existe em qualquer procedimento, mas o cirurgião plástico sempre trabalha para reduzir os fatores associado a aumento de risco, desde o pré até o pós-operatório. A presença de obesidade aumenta o risco de qualquer procedimento cirúrgico por diversos fatores, dentre eles: maior tempo cirúrgico; maior incidência de trombose; maior presença de co-morbidades associadas potencializadoras de complicações, tais como hipertensão e diabetes; pior condicionamento cardiovascular; maior incidência de complicações respiratórias; pior recuperação pós-operatória. Portanto, para evitar aumentar o risco cirúrgico é sempre mais prudente a redução ponderal antes da cirurgia.

O segundo problema associado à obesidade é a expectativa frente aos resultados. A paciente sempre espera o melhor resultado estético possível quando realiza sua cirurgia, mas a condição preexistente irá desfavorecer o resultado final.

As grandes retiradas de gordura são contra-indicadas e sempre limitadas em até 7% do peso corporal ideal, não sobre o peso atual. Numa lipoaspiração, em pacientes de maior sobrepeso, menos proporcionalmente podemos retirar em termos de gordura, então é provável haver limitação do resultado estético final.

Nos procedimentos com ressecção de pele, como a abdominoplastia; braquioplastia ou mamoplastia, maiores cicatrizes serão necessárias por haver mais pele e frequentemente mais flacidez. Além disso, caso a paciente opte por maiores reduções ponderais após a cirurgia é comum haver piora dessa flacidez e isso pode determinar perda de resultado estético de áreas já operadas, como por exemplo, nova queda das mamas ou nova flacidez abdominal.As áreas lipoaspiradas ficam sem o excesso de gordura, mas poderão ficar com o remanescente de pele se a pele não retrair no pós-operatório. 

A avaliação prévia é essencial para de terminar a qualidade da pele e o potencial de retração da mesma após a cirurgia. Pacientes com obesidade costumam ter maior flacidez e mais excesso de pele já identificados no pré-operatório, isso pode determinar resultado mais limitado no pós-operatório (vide imagem abaixo).

Observe que nesses casos existe a flacidez de pele e a lipoaspiração pode até mesmo acentuar o problema.
Fonte foto: http://www.medicalimagem.com.br

A lipoaspiração não é procedimento para emagrecimento, sua finalidade é o refinamento e a melhora do contorno corporal. Alguns cirurgiões criaram o termo lipoaspiração de incentivo, feita para dar uma ''ajuda'' inicial para o emagrecimento definitivo, mas isso é um contra-senso e perigoso.

Importante, portanto, é seguir para a sua cirurgia com preparo clínico adequado e expectativas realistas frente às suas condições preexistentes e ao resultado esperado.

Vale ressaltar, que as pacientes fora da faixa de obesidade, mas ainda na faixa de sobrepeso, também se beneficiam de alguma redução ponderal prévia, mas apresentam menores riscos associados e os resultados finais são mais previsíveis. Nesse grupo de pacientes é importante a manutenção do peso no pós-operatório, evitando o ''efeito ioiô''. Essas variações ponderais, muitas vezes a base de remédios anorexígenos, são perigosas e devem ser evitadas. 

Em todas as nossas pacientes complementamos o resultado pós-operatório com um programa de atividade física direcionada para a melhora do condicionamento físico e a manutenção ponderal.

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